"Preciso tanto de dormir! Não é descanso que procuro. Quero, sim, ausentar-me de mim. Dormir para não existir."
"De repente, rugidos, gritos e lamentos dissolveram-se no vazio, o mundo afundado aos despedaços: nada mais restava dentro dele. Para tanto esquecer é preciso não ter nunca vivido."
"Muitas vezes ele me dissera: só os humanos sabem do silêncio. Para os demais bichos, o mundo nunca está calado e até o crescer das ervas e o desabrochar das pétalas fazem um enorme barulho."
"De repente, rugidos, gritos e lamentos dissolveram-se no vazio, o mundo afundado aos despedaços: nada mais restava dentro dele. Para tanto esquecer é preciso não ter nunca vivido."
"Muitas vezes ele me dissera: só os humanos sabem do silêncio. Para os demais bichos, o mundo nunca está calado e até o crescer das ervas e o desabrochar das pétalas fazem um enorme barulho."
"Todas as manhãs a gazela acorda sabendo que tem que correr mais veloz que o leão ou será morta. Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deve correr mais rápido que a gazela ou morrerá de fome. Não importa se és um leão ou uma gazela: quando o Sol desponta o melhor é começares a correr." (Provérbio africano)
"Para mim, Adjiru Kapitamoro (avô) tinha o viver da árvore: sendo chão, já era pertença do céu."
"Andei por abrigos extensos. Mas não encontrei sombra senão na palavra."
"Sábio é o pirilampo que usa o escuro para se acender." (Provérbio de Kulumani)
"Sábio é o pirilampo que usa o escuro para se acender." (Provérbio de Kulumani)
Bem, começar este post dizendo que Mia Couto é poesia em prosa da mais alta categoria é dizer mais do mesmo? Mas é exatamente o que ele é. Prosa poética personificada em Mia.
Para começar, a história tem dois narradores, um homem e uma mulher, em primeiríssima pessoa cada um e com trajetórias distintas porém entrelaçadas.
Há uma aldeia em Moçambique que está perdendo pessoas por causa de ataques de leões. O político local contrata um experiente caçador para resolver o problema, porém ele se vê envolvido em uma trama maior do que seu trabalho, trama que compreende questões externas, da aldeia e seus místicos moradores, e internas, que carrega dentro de si, em seu âmago.
O caçador, Arcanjo Baleiro é um dos narradores e Mariamar, moradora da aldeia, a outra. Alternando a visão de cada um em capítulos, vamos nos embalando nesta linda e triste história, com uma Moçambique se descortinando à nossa frente, com suas crenças, mística, problemas de ordem política, de gênero e religião. E, premiando tudo isso, a poesia do autor.
Autor: MIA COUTO
Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA - ROMANCES
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