Por Bruna Bonfeld
Bernard Cornwell, que é amigo de outro escritor muito conceituado, George Martin, da série Game of Thrones, tem talvez uma escrita mais envolvente que o último (tcharãn, joguei a polêmica, mas tenho o direito de expressar minha opinião rs). PS: No devido tempo irei falar da minha relação de amor e ódio com Game of Thrones, mas isso fica para um outro papo.
"O rei do inverno" é um romance baseado nas lendas e crônicas do lendário Rei Artur através da perspectiva de seu soldado mais fiel, o personagem Derfel. Apesar de ser um romance histórico, Bernard Cornwell se utiliza de algumas fontes históricas para dar maior embasamento à sua escrita. No final do livro, na "Nota do autor". Cornwell explica a imprecisão das fontes sobre a existência desse Rei Guerreiro que comandou incríveis vitórias contra a invasão saxã no final do século VI d.C; além de dar dicas sobre onde na narrativa ele se utilizou mais da imaginação do que da história propriamente dita.
Na obra "De Excidio et Conquestu Britanniae" do autor Gildas, uma das fontes das quais Bernard Cornwell se utiliza para falar sobre um período conturbado de invasões saxãs na Britannia, hoje conhecida como Inglaterra, essas batalhas são descritas, mas não menciona o Rei Artur. Apesar dessas divergências, nos sentimos completamente impelidos para a história ficcional-mas-com-fundo-de-verdade do autor. Tem de tudo: guerra, romance, drama, religião... pode agradar realmente a todos os tipos de leitores.
Uma leitura associada que fiz há bastante tempo de "As Brumas de Avalon" (que também pode ter uma resenha mais para frente), não deixa claro o conflito Cristianismo X Paganismo que existia na Idade Média.
Neste livro vemos o paganismo como forma cultural intrínseca nas pessoas da época, diferentemente de "As Brumas de Avalon", na qual Morgana, irmã de Artur, trava uma guerra praticamente perdida contra os cristãos desde o primeiro livro de quatro.
Impossível não torcer por Artur desde o início. Ele é o típico herói das histórias épicas, guerreiro, valente, com moral, diplomático, bem apessoado e inteligente. Também é impossível não sentir empatia por Derfel, pois o personagem, apesar de ter vivido em uma época muito mais remota se apaixona, luta, erra, volta atrás em decisões, se culpa, enfim, vive dilemas reais de pessoas boas de coração. Temos portanto os papéis de "vilão/mocinho" bem delimitados.
Para entender ainda mais essa história e esse universo é interessante ler textos paralelos, principalmente e obviamente sobre as lendas do Rei Artur, mas também sobre Idade Média. Se eu puder dar uma indicação de um livro geral sobre Idade Média, de leitura agradável e acessível inclusive para leigos, indicaria "A civilização feudal" de Jérome Baschet.
Espero ter conseguido deixá-los com vontade de ler esse livro, pois realmente vale a pena e já estou ansiosa para ler o segundo da saga: "O inimigo de Deus."
Coleção: CRONICAS DE ARTUR, 1
Autor: CORNWELL, BERNARD
Editora: RECORD
5 comentários:
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