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sábado, 24 de abril de 2010

A idade da razão

Ando cada vez mais cismada com alguns filósofos... Aliás, é fascinante como um livro nos leva a vários tipos de reflexão. Terminei este livro de Sartre pensando em tantas coisas que não conseguirei colocar aqui. Farei apenas algumas considerações:


Nietzsche - alguns pensamentos:
  1. A humanidade aprendeu a chamar a piedade de virtude, quando em todo o sistema moral superior ela é considerada como uma fraqueza.
  2. A moral não passa de uma interpretação - ou mais exatamente de uma falsa interpretação - de certos fenômenos.
  3. A piedade opõe-se completamente à lei da evolução, lei da seleção natural.
Nietzsche era crítico da cultura ocidental e suas religiões e, consequentemente, da moral judaico-cristã. E termina sua vida louco, justamente por ter sentido piedade de um cavalo sendo espancado por seu cocheiro. Para lembrar...


"Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo, e um cocheiro espancando-o com um chicote. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço, e  sob o olhar do cocheiro, explode em soluços. Isso aconteceu em 1889, e Nietzsche já  estava também distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse  momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que  confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão, por Descartes. Sua loucura (portanto seu divórcio da humanidade) começa no instante em que chora sobre o cavalo." 


Karl Marx


Karl Marx foi o 7º de sete filhos, de origem judaica de classe média da cidade de Tréveris, na época no Reino da Prússia. Sua mãe, Henri Pressburg (1771–1840), era judia holandesa e seu pai, Herschel Marx (1759–1834), um advogado e conselheiro de Justiça. Herschel descende de uma família de rabinos, mas se converteu ao cristianismo luterano em função das restrições impostas à presença de membros de etnia judaica no serviço público, quando Marx ainda tinha seis anos. (...) Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, em Tréveris, ano em que eclodiram revoluções em diversos países europeus. Ingressou mais tarde na Universidade de Bonn para estudar Direito, transferindo-se no ano seguinte para a Universidade de Berlim, onde o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, cuja obra exerceu grande influência sobre Marx, foi professor e reitor. (...) (Wikipédia)


Acabo vendo outra contradição. Marx defendia a idéia de que a classe trabalhadora deveria unir-se com o propósito de derrubar os capitalistas e aniquilar de vez a característica abusiva deste sistema que, segundo ele, era o maior responsável pelas crises que se viam cada vez mais intensificadas pelas grandes diferenças sociais e que o homem é fruto de seu meio. Entretanto, seu meio não foi nunca o da massa proletária. Grande revolucionário, mas também contraditório...


Jean-Paul Sartre, novelista francês, teatrólogo, e maior intelectual do Existencialismo, - filosofia que proclama a total liberdade do ser humano.


Agora sim, falarei do livro - A idade da razão


Falei tanto-tanto-tanto pra chegar a um livro fascinante. Sartre inicia uma trilogia chamada "Caminhos da Liberdade", onde  seu protagonista, Mathieu, um francês, professor de filosofia na casa dos 30 anos e defensor ferrenho da teoria de seu autor, o existencialismo, se vê agora questionando sua liberdade.
O livro é maravilhoso, e também mostra a controvérsia de Sartre em algum momento de sua vida. Ele questiona a luta de um indivíduo por sua liberdade a qualquer custo. Acabamos por chegar a conclusões contrárias, de que a liberdade, o individualismo em si é um cárcere, onde o ser humano fica preso em si mesmo. Maravilhoso!


Trecho da quarta capa:
"Os Caminhos da Liberdade, traz à cena Mathieu Delarue, francês que vive e leciona filosofia em Paris. Obcecado em preservar aquilo que pensa ser a sua liberdade, ele despreza todo e qualquer compromisso - seja o engajamento no Partido Comunista, seja a formalização do casamento com Marcelle, sua amante de longa data. Até o momento em que a aparente ordem das coisas é perturbada por uma inesperada gravidez. Numa ampla discussão sobre a liberdade, A idade da razão percorre alguns dias da vida de Mathieu em sua extenuante cruzada para levantar o dinheiro necessário ao pagamento do aborto da amante. Uma cruzada durante a qual suas convicções serão duramente testadas: a princípio tomado de horror pela ideia do casamento e da paternidade, que a ele inspiram visão semelhante à do cárcere, Mathieu é forçado pelas circunstâncias a reavaliar suas resoluções."


Lerei os outros dois livros da trilogia para ver onde chegam suas conclusões. Livro maravilhoso e, como sempre, infelizmente esgotado. Tomara que os outros dois, pelo menos, não estejam.


Bjs,

10 comentários:

Carolina Filipaki disse...

Também sou fascinada pelos filósofos e admiro quem consegue falar deles como você fez, com a intimidade de bons amigos!

Palavralida disse...

Pois é, Carol! Essa contradição deles me deixa maluca! É fascinante perceber esses detalhes.
Um beijo, querida!

Johsi Guimarães disse...

Li este livro a uns 4 anos atrás quando estava grávida. (o olho novo que se infiltrava entre minhas tripas). É um livro realmente muito importante, nunca consegui falar sobre ele com ninguém,nenhum pensamento sobre ele. É muito bom mesmo ver como vc faz isso.
Gostei muito de conhecer seu blog.
Um abraço.
Josi

Palavralida disse...

Oi, Josi! Muito obrigada por sua visita! Você viu que eu também dei voltas para falar sobre ele, né? Que bom que você gostou daqui, volte sempre que quiser, querida! Beijos,

sambaseversos disse...

adorei seu comentario sobre o livro muito sensato,embora as vezes,a idade da razão comece antes,bem antes do que imaginamos ela nasce no mundo da abstração e é colocada para fora,como um parto natural,quando nos deparamos com nossas escolhas,sufocamos a emoção e deixamos a razão prevalecer,mesmo não sendo a coisa mais sensata a fazer.esse poema que fiz fala muito disso de escolhas e razões .bj


Afluências

Sentado na pedra desse rio,
Admirando a paisagem e pensando em você,
Não posso deixar de fazer uma grata comparação,
Com as curvas caudalosas e perigosas do rio,
Com as curvas do seu belo corpo, não menos perigosas.

As águas puras em fluxo constante.
Revela todo mistério da criação divina,
Tua pureza e ingenuidade...
Contraste direto da tua sensualidade,
Nossas salivas misturadas no beijo,
Brota o desejo.

Nossos corpos molhados de prazer,
Fluxo constante do nosso amor.

Esse rio apesar de belo,
Tem suas afluências em varias direções,
Muitas delas desconhecidas pelo próprio rio,
Quilômetros a frente vão se confluir.

Nossa vida dividida ironicamente,
Tomando cada um, rumo diferente,
Ás vezes rumos próximos, sem podermos nos unir.

Anos à frente nossa vida irá se confluir,
E seguir o curso natural da paixão.

Sentado na pedra desse rio...
Vivo um paradoxo,
Por não saber se você lembra esse rio,
Ou se esse rio lembra você.



J.Marcello

Palavralida disse...

Adorei o poema Marcello. Você está certo. A idade da razão chega para cada um em momentos distintos. Seja bem-vindo!

Thiago Leite disse...

Etou lendo "A Idade da Razão", e já estou em suas páginas finais. Indescritível, a sutileza da escrita de Sartre me encanta, mas, ao mesmo tempo, me deparo com um turbilhão de angústias e pensamentos explosivos. Fantástico! Em muitos momentos, ao longo da leitura, vi decisões que necessito tomar a todo instante muito próximas com as que Methieu e os demais personagens da obra passam. E, acredito, que ao final da leitura, pairará somente uma indagação em minha cabeça: será que estou, realemente, na "Idade da Razão"? hehe...
Adorei seu Blog! Parabéns!

Palavralida disse...

Obrigada, Thiago! Visitei seu blog e também adorei, já estou seguindo. Seja muito bem-vindo aqui, viu?

Agamenon Plait disse...

Renata,
Parabéns pelo espaço.
Fiquei muito impressionado com sua linha e tempo de escrita.
Sou um escritor iniciante, meu livro sai agora em quize dias, e confesso aprendi muito com seu blog.
Continue firme.
Estarei sempre por aqui.
Sucesso e forte abraço.

Palavralida disse...

Puxa, Agamenon, muito obrigada! É o que sempre falo, a leitura é um ato solitário e o blog me permite compartilhar minhas impressões, isso não tem preço. Tenho recebido livros de autores brasileiros para ler e postar no blog, se você quiser, na hora que seu livro sair do forno (Parabéns!), pode falar comigo. Muito sucesso com sua obra. Abraços,

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